O que temos é essa Fé
"E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda." (Atos 3 : 6)
Muitos dizem, ou supõem, que o mundo está em crise em virtude das mudanças de valores sociais, humanos, ou mesmo de ordem geral a acontecer. Ainda se acredita que o atual ciclo da humanidade não está completo, isto é, o quadro não está pronto e muito há por acontecer.
Como cristãos devemos pensar sobre o mundo como quem escuta um reboliço no vale de ossos secos. Devemos olhar e prever algumas coisas a esse respeito. Prever como nossas ações de fé enquadram-se no cotidiano das coisas. Eu creio que os feitos nessa vida sempre afetam o mundo existente. Portanto, nós cristãos, também afetamos a ordem do mundo e a ordem das coisas existentes.
Retomando o exemplo em nosso texto, temos o apóstolo Pedro se propondo a oferecer algo para aquele que por vários dias frequentava um local do templo de Jerusalém. Por que aquele paralítico que aparentemente a ninguém mais comovia chamou a atenção do apóstolo? Talvez o próprio Pedro já conhecia aquela cena ali na porta Formosa. Mas naquele dia algo o inquietou. E o que ele fala para o rapaz é muito curioso: "[...] o que tenho isso te dou".
Pedro ofereceu sua fé, ofereceu sua solidariedade, sua compaixão e orou pelo enfermo que ainda permanece sem acreditar no milagre e acomodado com a situação continua o mesmo por alguns segundos. Mesmo curado preferia permanecer prostrado, por não acreditar ou por ainda pensar que Pedro possuía algum outro tipo de ajuda a oferecer.
A exemplo do apóstolo, também possuímos algo: a nossa Fé. Possuímos algo que pode servir a muitos, que pode mudar a vida de muitos, que pode representar a esperança em meio ao desespero e à dor. O que temos é esta Fé. Temos uma Fé para o mundo.
Observando em nível de Brasil, nossa pátria amada, também pensamos o mesmo. É bom que se considere que o estado democrático-republicano brasileiro teve seu berço no fluxo do pensamento cristão evangélico-protestante. Especialmente no pensamento progressista e de transformação da vida. O estado brasileiro tem com a Fé que temos uma dívida. Esse é um dos motivos pelos quais creio que enquanto o nosso país for uma democracia republicana, não haverá grave conflagração entre o aparato de estado e a crenças cristã.
É importante reforçar que o Brasil de hoje e de sempre tem esse marco regulatório que se pergunta: até onde podemos ir em termos de ações de governo, ações de sociedade, de país livre e autêntico a seus postulados libertários históricos? Quais são suas instituições e qual é o papel de cada uma delas?" Isso deve interessar a todos. O último confronto de valores não será da cristandade com o sistema mundo, mas de um país com sua história e os postulados que representam uma democracia republicana.
A Fé que temos é essa que oferecemos. É assim que, em meio a ações aqui e acolá, cristãos e cristãs que são verdadeiramente sal da terra e luz do mundo, embelezam a experiência humana. Não somente através de ações filantrópicas ou de resgate da dignidade. Temos, sim, exemplos claros de pessoas fervorosas que contribuem para a consolidação e sustentação dos pilares fundamentais dos ideais de nossa nação.
Irmãos e irmãs, pensem, amadureçam para, de forma consistente, assumirem vosso papel de apresentar ao mundo a Fé que temos, ousadamente! Acreditar que Deus não existe é um direito de quem assim pensa. Entretanto, nós CREMOS EM DEUS, e não poderemos viver de forma alheia ao nosso credo. Envergonhar-se disso é uma temeridade.
A Fé que temos é essa!
Fraternalmente,